eu fiquei muito espantada quando me disseram
que o espeto no vodu era para proteção porque eu sempre pensava em espetar o
vodu na cara daquela vaca, e vi que não, então eu quis um bonequinho e tava
andando na rua deslizando o sapato em dia de chuva vai que nem sabão e fui cai dei de cara com ele, o vodu, na vida a gente dá mesmo de cara com o que
precisa, ou pelo menos com o que deseja, porque desejar fundo é precisar, e eu
me levanto sem a ajuda de nenhum desse povo que passa só pensando em se
proteger e pisa cinco corpos e sete estrelas sem saber de nada e então
levanto sozinha e ajeito o vestido no corpo fazer o quê com a sombrinha
escangalhada o que importa é o boneco na minha mão ele é você é o que ele disse
quando falava de vodu Seu Zezinho que sabia de orixá e de ponto firmado na
macumba. Valda, você ainda vai ser feliz ele dizia e sorria enquanto me pedia
para chupar o pé de manga que dava ali no quintal.
Ora se
lá sou mulher de manga, eu dizia, mas o que importa é estocar o alfinete e eu
sei lá qual o lugar do corpo que mora
minha fraqueza, porque se fosse de fraqueza já tinha rachado, mas tem uma coisa
assim na garganta que vem quando penso longe e arfo o peito desanuvio no
pensamento lembrando longe de você, que faz querer rachar os dois mundos o
daqui e o outro para onde você foi então espeto a garganta bem no soluço que subia e que
agora irá descer e deixo o boneco logo ali, caso algo trema na carne.
De alfinete é feita a saudade