Te amo
A casa
de Juno é silenciosa.
A sala pequena, um sofá, duas cadeiras. Ele trabalha escrevendo, é advogado, e vez ou outra recebe uma visita. Às vezes é a vizinha que pede um pouco de sal ou azeite. Outras Murilo, seu meio-irmão, e Juno acha engraçada essa palavra, meio-irmão.
A casa em que Juno morava com a mãe quando criança também era silenciosa. Até a chegada de Haroldo, marido de sua mãe, que trouxe um filho e um violão. Então ficaram morando os 4 juntos, Juno, a mãe, Murilo, e o tio Haroldo. Ele era músico e, depois de alguns meses morando na casa da mãe de Juno, deixava o filho e saia para tocar em tanto lugar que era como se não estivesse lugar nenhum.
Sempre viajando, sempre se despedindo de alguém. Não demorou para que se separassem. Haroldo levou seu filho, Murilo, e deixou um banco de madeira em forma de elefante que hoje fica na sala da silenciosa casa de Juno.
Juno gosta desse banco, e há pouco tempo descobriu que ao virá-lo, na base onde está o pé do elefante, estão grafadas as palavras, Te amo, como se talhadas com algum tipo de cortador. Juno não sabe para quem foram escritas, e de vez em quando, ao olhar o banco, pensa no tio Haroldo. O que estaria fazendo àquela hora?
Então se lembra de que o tio nunca o havia ensinado violão. E de que ele nunca havia pedido. Não assim, com palavras.
Talvez que Juno tenha passado muito tempo cercado de mulheres e se habituado mal, sem perceber que são elas quem sabem ler os corpos. São elas quem sabem adivinhar no silêncio. Mas chega de pensar.
A sala pequena, um sofá, duas cadeiras. Ele trabalha escrevendo, é advogado, e vez ou outra recebe uma visita. Às vezes é a vizinha que pede um pouco de sal ou azeite. Outras Murilo, seu meio-irmão, e Juno acha engraçada essa palavra, meio-irmão.
A casa em que Juno morava com a mãe quando criança também era silenciosa. Até a chegada de Haroldo, marido de sua mãe, que trouxe um filho e um violão. Então ficaram morando os 4 juntos, Juno, a mãe, Murilo, e o tio Haroldo. Ele era músico e, depois de alguns meses morando na casa da mãe de Juno, deixava o filho e saia para tocar em tanto lugar que era como se não estivesse lugar nenhum.
Sempre viajando, sempre se despedindo de alguém. Não demorou para que se separassem. Haroldo levou seu filho, Murilo, e deixou um banco de madeira em forma de elefante que hoje fica na sala da silenciosa casa de Juno.
Juno gosta desse banco, e há pouco tempo descobriu que ao virá-lo, na base onde está o pé do elefante, estão grafadas as palavras, Te amo, como se talhadas com algum tipo de cortador. Juno não sabe para quem foram escritas, e de vez em quando, ao olhar o banco, pensa no tio Haroldo. O que estaria fazendo àquela hora?
Então se lembra de que o tio nunca o havia ensinado violão. E de que ele nunca havia pedido. Não assim, com palavras.
Talvez que Juno tenha passado muito tempo cercado de mulheres e se habituado mal, sem perceber que são elas quem sabem ler os corpos. São elas quem sabem adivinhar no silêncio. Mas chega de pensar.
Juno vai até a sala, mexe na mesas, pega
o boleto do aluguel. Volta à cozinha, dá um gole no café, os cafés no dia do aluguel, cada vez
mais amargos. Deixa a xícara na pia, pensa escutar um ruído vai até lá, mas não. Não tem ninguém. Sai de casa, anda a calçada, só anda, e pensa em Murilo, seu meio-irmão. Deseja que ele o venha visitar. Eles passam
longos períodos sem falar mas, quando não sabe o que fazer, Juno gosta de
escutá-lo. Não que Murilo soubesse sempre o que dizer. Às vezes Juno sequer lhe
contava que havia alguma questão. Mas encontrar esse meio-irmão trazia uma espécie
de abertura